O Centro Hospitalar Municipal (CHM) de Santo André, outrora referência em atendimentos emergenciais e traumas, enfrenta uma realidade desafiadora. O hospital, que já foi sinônimo de eficiência e acolhimento para os munícipes, hoje é alvo de críticas pela precariedade no atendimento e falta de pessoal qualificado.
Do Acolhimento ao Abandono
No passado, o CHM era o porto seguro para quem sofresse acidentes ou necessitasse de atendimento imediato. “Acontecia algo, quebrava uma perna, um braço, e todos os munícipes iam para lá. Sabiam que seriam acolhidos e cuidados”, relembra Maria Cristina Pimentel, uma moradora da cidade. O hospital era conhecido por sua rapidez e eficiência, com auxiliares de enfermagem prontos para atender os pacientes assim que chegavam.A
Nova Realidade
Hoje, no entanto, a situação é bem diferente. Pacientes que chegam ao CHM em busca de socorro imediato são encaminhados para as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), como a da Perimetral. Lá, eles precisam passar por uma triagem médica, realizar exames e aguardar pela Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde (CROSS). Esse processo pode levar várias horas, deixando os pacientes em sofrimento prolongado enquanto esperam por uma ambulância ou atendimento especializado.
Falta de Funcionários e Problemas Estruturais
A crise no CHM é exacerbada pela falta de pessoal. Muitos funcionários foram dispensados e não houve reposição, resultando em um atendimento deficiente. “O CHM não tem funcionários suficientes, foram mandados embora, e não colocaram mais mão de obra para repor o desfalque”, afirma Pimentel.
Casos de negligência também foram relatados. Segundo uma fonte, um paciente com problemas psiquiátricos e tuberculose foi deixado em um consultório sem banheiro, onde permaneceu por três dias, fazendo suas necessidades no chão. A situação só foi resolvida quando uma auxiliar de enfermagem se posicionou e pediu que o paciente fosse removido daquele local inadequado.
A Voz da Comunidade
Nas redes sociais, Maria Cristina Pimentel expressa sua frustração com a situação atual do CHM. “Ninguém está preocupado em dar qualidade ao atendimento ou em colocar pessoas eficientes na área da saúde. Temos que ter políticos que façam para todos, sem que precisemos pedir. A saúde pública está uma calamidade.”
Ela critica a prioridade dada às reformas físicas do hospital em detrimento da capacitação e contratação de funcionários qualificados. As UPAs, segundo ela, medicam os pacientes para aliviar a dor, mas não investigam as causas subjacentes dos problemas de saúde, orientando-os a procurar as Unidades Básicas de Saúde (UBS) para um agendamento que pode levar meses.
O Apelo por Melhoria
A população de Santo André clama por um retorno aos tempos de excelência do CHM. É necessário um investimento não apenas em infraestrutura, mas, sobretudo, em recursos humanos qualificados que possam oferecer um atendimento digno e eficiente. A esperança é que as autoridades ouçam as vozes dos munícipes e trabalhem para devolver ao CHM o status de referência que um dia teve.
Enquanto isso, os moradores continuam a lidar com uma saúde pública que, segundo muitos, se encontra em estado de calamidade. É um apelo urgente por mudanças estruturais e por uma gestão que valorize verdadeiramente a saúde e o bem-estar da população de Santo André.