O discurso do prefeito Paulo Serra sobre uma gestão eficiente e planejada para o futuro de Santo André parece ser severamente desafiado pelos números do orçamento municipal para o ano de 2024, que revelam um cenário financeiro preocupante e incoerente com as promessas de responsabilidade fiscal.
Em 15 de janeiro deste ano, Santo André ganhou destaque negativo no cenário estadual ao figurar como a segunda cidade do Estado de São Paulo com o maior desequilíbrio financeiro de 2023, conforme reportado pelo jornal O Estado de São Paulo. Um déficit de quase meio bilhão de reais entre receitas e despesas evidenciou a fragilidade da administração fiscal do município sob a gestão de Paulo Serra.
O orçamento aprovado para 2024, que atinge a cifra de R$4,4 bilhões, representa um aumento significativo de 27% em relação ao ano anterior. Contudo, a origem dos recursos para sustentar essa expansão orçamentária é questionável e coloca em xeque as alegações de uma gestão planejada. Cerca de R$141 milhões são esperados da alienação de bens do município, ou seja, da venda do patrimônio municipal, e mais R$402 milhões de operações de crédito, resultando em um endividamento adicional.
O fato é que Santo André já carrega um endividamento expressivo de R$1,3 bilhões, classificado como superendividado pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, com ameaças constantes de bloqueio de contas. As operações de crédito, especialmente aquelas vinculadas ao Banco Interamericano (CAF), impõem aos andreenses “carnês” de 35 anos para pagar. O que se destaca é a incongruência entre as ações do prefeito e a sustentabilidade financeira do município, que parece cada vez mais comprometida.
O orçamento da Câmara Municipal, aprovado pelos vereadores andreenses, também levanta sérias dúvidas sobre a priorização de gastos. O custo da Câmara, que já era elevado em 2023, saltou para R$103 milhões em 2024, um aumento de cerca de R$30 milhões. Dados do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo apontam que o custo por vereador em Santo André já é o mais alto da região, ultrapassando os R$3 milhões.
A população de Santo André se vê diante de um dilema: as ações do prefeito Paulo Serra condizem com uma gestão eficiente e responsável para o futuro da cidade? Onde está o planejamento que garantiria a estabilidade financeira e o desenvolvimento sustentável? Fica evidente que a retórica do prefeito não encontra respaldo nos números, e a cobrança por transparência e responsabilidade na gestão dos recursos públicos se torna mais urgente do que nunca.