Governo Lula lança diretrizes sobre uso de câmeras corporais por órgãos de segurança pública

Nesta terça-feira (28), o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, assinará uma portaria que define as diretrizes para o uso de câmeras corporais por órgãos de segurança pública no Brasil. Esta medida representa um avanço significativo na modernização da segurança pública, promovendo transparência, responsabilidade e proteção tanto para os profissionais de segurança quanto para os cidadãos.

A implementação das câmeras corporais tem como principal objetivo assegurar a eficácia profissional enquanto respeita os direitos e garantias fundamentais. Um dos valores centrais do documento a ser assinado por Lewandowski é o respeito à privacidade e integridade dos profissionais de segurança pública e da população em geral.

Além de padronizar o uso das câmeras pelos órgãos de segurança, as diretrizes visam a valorização, o reconhecimento e a qualificação dos profissionais de segurança em todo o país, especialmente em um momento de preparação para as eleições municipais.

Circunstâncias para Uso das Câmeras

As diretrizes estabelecem 16 situações nas quais as câmeras corporais devem ser obrigatoriamente utilizadas:

  1. Atendimento de ocorrências.
  2. Atividades que exijam atuação ostensiva.
  3. Identificação e checagem de bens.
  4. Buscas pessoais, veiculares ou domiciliares.
  5. Ações operacionais, incluindo manifestações e controle de distúrbios civis.
  6. Cumprimento de mandados judiciais e determinações de autoridades.
  7. Perícias externas.
  8. Atividades de fiscalização e vistoria técnica.
  9. Ações de busca, salvamento e resgate.
  10. Escoltas de custodiados.
  11. Interações entre policiais e custodiados.
  12. Rotinas carcerárias.
  13. Intervenções em crises, motins e rebeliões no sistema prisional.
  14. Situações de potencial confronto ou uso de força física.
  15. Sinistros de trânsito.
  16. Patrulhamento preventivo e ostensivo.

Modalidades de Uso

As diretrizes permitem três modalidades de uso das câmeras:

  1. Acionamento automático: a gravação começa ao retirar o equipamento da base e continua até sua devolução.
  2. Acionamento remoto: a gravação é iniciada ocasionalmente por decisão da autoridade competente ou em situações específicas.
  3. Acionamento manual: os próprios agentes podem iniciar a gravação para preservar sua privacidade durante pausas.

Independente da modalidade, as 16 situações especificadas devem ser gravadas. Preferencialmente, os órgãos de segurança devem adotar o acionamento automático.

Ajuste às Normas

Os órgãos de segurança pública devem ajustar-se às normas institucionais e disciplinares para a utilização das câmeras, definindo condutas inadequadas e suas respectivas sanções.

Incentivo ao Uso de Câmeras Corporais

Estudos indicam que o uso de câmeras corporais reduz o uso de força e reclamações de conduta policial em 25% a 61%, além de diminuir a subnotificação de casos de violência doméstica. Esta tecnologia, consolidada em países como Estados Unidos e Inglaterra, será considerada para a distribuição de recursos dos Fundos Nacional de Segurança Pública e Penitenciário Nacional no Brasil.

Para incentivar a adoção das câmeras corporais, o ministro Lewandowski permitirá que os estados utilizem recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública para adquirir e implementar esses equipamentos.

Força Nacional e PRF

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) iniciou a fase final de seu projeto de câmeras corporais e veiculares no início de maio, com testes em cinco cidades: São José (SC), Uberlândia (MG), Cascavel (PR), Sorriso (MT) e Araguaína (TO). Esses testes avaliam o armazenamento e o tratamento das imagens capturadas. A PRF já celebra os resultados, que incluem aumento da transparência, melhor qualidade das provas coletadas, proteção legal dos agentes e melhoria da integridade física dos policiais e cidadãos.

Os testes de câmeras corporais pela Força Nacional começaram em janeiro e terminaram em 6 de maio, com a participação de 150 agentes.

A assinatura desta portaria representa um compromisso firme do governo federal com a modernização da segurança pública e a proteção dos direitos de todos os envolvidos.

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